segunda-feira, 21 de setembro de 2009

E o Indie Enlouqueceu

Desde o dia em que foram anunciadas as apresentações do Beirut no Brasil o jogo já estava ganho. Você coloca numa cumbuca os seguintes ingredientes: bando de muleques viajando pra um país que eles curtem, publico fanático e ansioso pela vinda dos caras, uma das poucas bandas que botou os dois pés no brasil, fez 4 shows (Salvador, Rio, Recife e São Paulo), preços razoavelmente baratos. Não tem erro né? Não tem mesmo. Abre parenteses - único porém pra maldita área vip, mesmo eu ficando nela, acho uma mania escrota de ganhar mais dinheiro às custas do fanatismo dos outros. Mas isso é pra outra discussão - Fecha parenteses.

Impecáveis, amáveis, simpáticos, afinados, felizes, e _________ (coloque aqui o seu adjetivo elogioso de preferência). O Beirut consegue, com seus poucos anos de carreira, ser uma das bandas mais encantadoras por aí. E assim encantaram as cerca de 3 mil pessoas que estavam no via funchal no terrorístico dia de 11 de setembro. Suas melodias justas, arranjos perfeitamente encaixados, nos fazem ter a sensação de que não tem nada faltando, nem sobrando. Começar com Nantes foi covardia, das mais belas, tem um início arrebatador com a entrada da bateria e deu início às cantorias dos trechos instrumentais das músicas, pá papapapapá papapá. Elephant Gun foi a mais cantada, mas outras me emocionaram mais: The Shrew, a francesíssima La Javanaise (cover de Serge Gainsbourg), Postcards From Italy fez todos cantarem papapá de novo, lindíssimo. The Akara, ao vivo, soa um dub cigano do leste europeu com um sombrero na cabeça, nada que sintetize melhor, pra mim, o Beirut. A tão esperada versão de leaozinho do Caetano não rolou, mas rolou a versão genérica de aquarela do brasil, Brazil. Siki Siki Baba é ótima, animou a todos que a essa altura já tinham violado as áreas vips atendendo aos pedidos de Zach Condon pra se aproximarem. E dá-lhe óóóóóóooo ououuuuu. Alegria.

Eu podia falar de todas as músicas, uma por uma. Foi durante o show que me ocorreu isso: o Beirut não tem musicas ruins. Sunday Smile, a ótima My Night With The Prostitute From Marseille, Mount Wroclai, pra falar algumas que eu não nomeei antes. A mesma relação dá pra se fazer em relação aos músicos, são todos indispensáveis, cumprem bem seus papéis, não há um que se destaca, todos se destacam junto. Com um som muito bom (me incomodou a bateria um pouco em determinado momento, mas foi rápido e foi só) um show impecável terminou assim:

finalzinho de Gulag Orkestar, que finalizou o segundo bis e o show do Beirut.

Fato que me impressionou foi a insanidade como a qual a maioria do público recebeu a banda, corações feito com as mãos brotavam aos montes, gritos enlouquecidos e ensurdecedores, um descontrole que eu nunca havia presenciado, um fanatismo que esgotou os 3 mil ingressos semanas antes do show, um fanatismo digno de algum ídolo do rock. Ou um novo ídolo nos novos moldes da música e da indústria fonográfica, internet, myspace e o diabo a quatro. E o Indie que antes era blasè, enlouqueceu.

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